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Construindo o futuro

Nestes primeiros meses de 2015, já se podem perceber melhorias concretas nas condições de vida de jovens agricultores familiares que vêm sendo assessorados pela FASE Bahia, através deste projeto apoiado pela Petrobras Desenvolvimento & Cidadania.

Como se sabe, a ênfase é criar condições para que jovens possam gerar renda na agricultura familiar. A FASE Bahia planejou intervir tanto no âmbito da produção, como no da organização associativa e sindical, bem como, nas disputas em torno de políticas públicas essenciais à reprodução econômica e social da agricultura familiar em geral, e de seus jovens em particular.

Núcleos Produtivos que foram implantados na primeira etapa desta iniciativa, desenvolvida em 2011 e 2012, já conseguiram se consolidar, incorporando conhecimentos e práticas que favorecem sua sustentabilidade social, econômica, e ambiental.

Este é o caso, por exemplo, do jovem Amilton, da Comunidade de Paó, município de Presidente Tancredo Neves. Sua experiência é um dos exemplos incluídos na Revista de Sistematização que registra passos dados e resultados alcançados nos primeiros dois anos de execução desta iniciativa.

 

Quando a FASE menciona sustentabilidade procura-se identificar e atuar em suas várias dimensões. No que se refere ao meio ambiente, a ênfase na experiência protagonizada pelo jovem Amilton foi o tratamento e destinação final dos dejetos dos animais criados. Assim sendo, a assessoria técnica da FASE elaborou diagnósticos e debateu alternativas com o jovem e membros de sua família, sobre o que fazer para evitar que os dejetos contaminassem recursos hídricos na propriedade, ou afetassem famílias vizinhas. Através desta interação e troca de conhecimentos, surgiu a decisão de reservar parte dos recursos previstos para a instalação do Núcleo Produtivo, especificamente para tratamento e destinação final dos dejetos. Em um primeiro momento, isto implicava na redução de recursos que poderiam ter sido aplicados na aquisição de um número maior de animais, como também, redução na quantidade de ração adquirida. Mas, por outro lado, garantia-se maior qualidade de vida para a família do jovem e seus vizinhos, bem como, bem estar animal, e preservação dos recursos hídricos. Além disso, os dejetos coletados e tratados adequadamente servem como adubo orgânico para plantações existentes na propriedade, ampliando os benefícios financeiros derivados da adoção de práticas ambientalmente corretas. E isto acaba possibilitando ao jovem e à sua família reduzir aquisições de insumos externos que teriam de ser pagos em dinheiro; ou seja, gera-se renda não monetária.

Durante visita de assessoria técnica realizada por Rosélia Melo, agora em 2015, verificou-se que o jovem Amilton mantém seu Núcleo em funcionamento, estando atualmente com duas matrizes, o que lhe permite comercializar animais jovens (bacorinhos) para outros agricultores familiares interessados em recria.

Os Núcleos Produtivos dos jovens que começaram a ser assessorados pela FASE Bahia na segunda etapa, iniciada em fins de 2013, ainda estão sendo finalizados e vão demandar mais algum tempo para gerar resultados em termos de renda para os jovens que neles vêm trabalhando.

Vários desses jovens estão pensando no longo prazo, sendo coerentes com suas perspectivas de continuarem sendo agricultores familiares, crescentemente envolvidos com práticas agroecológicas. Por isso, várias hipóteses e alternativas eram incluídas no debate feito com a FASE Bahia, sobre qual o tipo de atividade econômico produtiva deveria ser apoiada via recursos do projeto. Nem sempre o curto prazo era priorizado. Como também, se evitava canalizar todos os recursos para uma única atividade, Afinal, agroecologia e sustentabilidade não combinam com monoculturas e dependência de um único mercado.

 

Desse modo, percebe-se a importância da decisão assumida por vários jovens de implantar Sistemas Agroflorestais – SAFs, em suas pequenas áreas. Embora de dimensões reduzidas, esses SAFs têm muita biodiversidade, e se adaptam perfeitamente ao bioma da Mata Atlântica. Permitem elevar o número de espécies cultivadas, e consequentemente de produtos a serem colhidos ou aproveitados dentro da propriedade, em épocas distintas. Diluem o risco dos investimentos feitos, seja porque as oscilações de preços dificilmente afetam todas as espécies cultivadas em um mesmo tempo, seja porque pragas e doenças tendem também a provocar menores prejuízos quando se têm diferentes espécies cultivadas em um mesmo espaço. Outra característica de SAFs que se adaptam ao contexto onde vivem a grande maioria das famílias agricultoras assessoradas educativamente pela FASE Bahia, é a proteção do solo contra erosão, uma vez que as áreas têm declividade acentuada.

Um exemplo de jovem implantando SAF com expectativas promissoras, é o da jovem Maurisa, da Comunidade da Coruja I, município de Presidente Tancredo Neves.

O Núcleo é de fruticultura, mas nesta mesma área a jovem já cultivou lavouras de ciclo curto, deixando a biomassa restante se incorporar ao solo para a cultura seguinte. Foram feitos plantios iniciais de feijão, abóbora, milho, maxixe,e melancia. As lavouras perenes são cacau, graviola, acaí, goiaba e banana da terra. Ainda serão implantadas algumas espécies de essências florestais que servirão como sombra permanente e proteção contra erosão nas áreas mais declivosas.

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